Vivemos em uma era altamente conectada, em que dispositivos como celulares, tablets, computadores e televisores estão presentes na rotina dos jovens desde a infância.
Mas o que acontece quando esse uso ultrapassa os limites saudáveis? Essa é uma questão urgente para pais, educadores e toda a sociedade.
O chamado uso excessivo de telas diz respeito à exposição prolongada a dispositivos digitais, muitas vezes excedendo quatro horas diárias fora do contexto escolar. De acordo com pesquisas recentes da UFMG, o tempo de tela entre adolescentes brasileiros cresceu significativamente nos últimos anos, com impactos diretos na saúde mental.
Esse cenário se agravou durante o isolamento social na pandemia e, mesmo com o retorno às atividades presenciais, os hábitos adquiridos persistem.
Neste conteúdo, vamos entender como o uso excessivo de telas afeta o desenvolvimento cognitivo, além de seus efeitos físicos e emocionais a longo prazo.
Leia também: IA na educação: como a inteligência artificial está chegando à escola
Entenda os benefícios do uso equilibrado da tecnologia
Antes de abordarmos os riscos, é importante reconhecer que a tecnologia, quando utilizada com consciência, pode trazer muitos ganhos para o desenvolvimento dos jovens:
- Acesso rápido à informação, o que facilita a aprendizagem e amplia o repertório de conhecimentos.
- Apoio educacional, por meio de aplicativos, plataformas de ensino e videoaulas que tornam o aprendizado mais dinâmico e personalizado.
- Estímulo à criatividade, especialmente com o uso de ferramentas de edição, arte digital, programação e resolução de problemas.
O uso equilibrado da tecnologia pode ser um excelente aliado da educação e do desenvolvimento pessoal. O grande desafio está em traçar limites claros para que esse uso não ultrapasse a linha que separa o benefício do prejuízo, e que esse equilíbrio seja parte da rotina desde cedo.
Como o uso excessivo de telas afeta o desenvolvimento cognitivo

Estudos vêm demonstrando que a exposição prolongada a telas afeta diretamente o desempenho cognitivo dos jovens em aspectos como:
- Memória de curto prazo, prejudicada pela constante troca de estímulos e distrações visuais, o que dificulta a retenção de informações.
- Atenção contínua, já que a fragmentação de conteúdos (como vídeos curtos e feeds rápidos) reduz a capacidade de foco e concentração por longos períodos.
- Aprendizado escolar, impactado negativamente pela sobrecarga de estímulos digitais, que muitas vezes competem com as atividades pedagógicas presenciais.
Assim, o que poderia ser um facilitador do aprendizado pode se tornar um entrave, dificultando o desenvolvimento de competências essenciais como concentração, raciocínio lógico e capacidade de análise crítica.
Efeitos emocionais e sociais nos jovens
Apesar de conectar pessoas, o ambiente digital tem promovido o distanciamento emocional na vida real. A convivência virtual, embora conveniente, vem substituindo interações profundas por trocas superficiais:
- Empatia reduzida, pois as relações mediadas por telas muitas vezes limitam a percepção do outro e o desenvolvimento de vínculos afetivos.
- Baixa tolerância à frustração, já que o ambiente digital oferece respostas rápidas, filtros e “likes”, criando uma falsa sensação de controle e perfeição.
Esses efeitos, quando não identificados e mediados, podem afetar diretamente o modo como os jovens se relacionam com o mundo ao seu redor, dificultando o amadurecimento emocional e a construção de relações saudáveis e verdadeiras.
Saúde mental em risco: sinais e consequências

O impacto do uso excessivo de telas vai além do comportamento: ele atinge a saúde mental de forma preocupante. Segundo dados do Instituto Cactus, a relação entre o tempo excessivo nas telas e transtornos emocionais é cada vez mais evidente:
- Ansiedade e depressão, frequentemente associadas à comparação constante, ao medo de ficar de fora (FOMO) e à hiperexposição nas redes sociais.
- Distúrbios do sono, agravados pela exposição noturna à luz azul, que interfere no ciclo natural do sono.
- Queda na autoestima, especialmente entre adolescentes que se veem pressionados por padrões estéticos e comportamentais inalcançáveis.
Quando a tecnologia deixa de ser ferramenta e passa a dominar o tempo e os sentimentos, é preciso acender um alerta — pois ela se torna um agente silencioso de sofrimento emocional, que muitas vezes passa despercebido.
Impactos físicos do uso prolongado de telas
Os efeitos não se limitam ao emocional. O uso constante e prolongado de telas traz também consequências físicas importantes:
- Postura inadequada, gerando dores nas costas, no pescoço e, em alguns casos, até problemas musculares crônicos.
- Problemas de visão, como fadiga ocular, ressecamento e sintomas da chamada “síndrome da visão de computador”.
- Sedentarismo, com redução do tempo dedicado a atividades físicas, o que afeta o desenvolvimento motor e aumenta o risco de sobrepeso.
Esses sintomas, muitas vezes ignorados, refletem a necessidade de pausas regulares e do incentivo à movimentação corporal como parte essencial da rotina dos jovens.
A importância do tempo off-line para os jovens

Desconectar também é uma forma de cuidar. Em um mundo digitalmente acelerado, momentos longe das telas são essenciais para o bem-estar integral dos jovens. Estar off-line favorece:
- Desenvolvimento de habilidades sociais reais, como escuta ativa, comunicação empática e resolução de conflitos no contato face a face.
- Tédio criativo, que estimula a imaginação e leva à criação de brincadeiras, projetos e soluções inovadoras.
- Fortalecimento de laços afetivos, com mais tempo dedicado a brincadeiras presenciais, atividades em família e convivência com amigos.
O tempo off-line é, na verdade, um convite ao reencontro com o mundo real. É nele que os jovens podem experimentar, errar, criar e crescer — livre das pressões e distrações digitais.
Estratégias para reduzir o uso excessivo de telas
Quer começar a mudança em casa? Aqui estão algumas estratégias que funcionam:
Estratégia | Benefício |
Estabelecer “zonas livres de tela” | Estimula o convívio e o foco no momento presente |
Criar um “dia sem telas” por semana | Reforça a importância do tempo off-line e aproxima os membros da família |
Usar aplicativos de controle | Ajuda a monitorar e ajustar o tempo de uso de forma consciente |
Substituir parte do tempo de tela | Incentiva atividades físicas e culturais que fortalecem o desenvolvimento |
A mudança é gradual, mas o impacto é significativo.
Como identificar quando é demais?

Para muitos pais, a dúvida é recorrente: “Como sei que meu filho está usando tela demais?” Em um mundo onde o digital faz parte da rotina escolar, de lazer e até das interações sociais, pode ser difícil diferenciar o uso saudável do uso excessivo.
Alguns sinais de alerta podem indicar que algo não está bem:
- Queda no desempenho escolar, com notas mais baixas ou dificuldade de concentração nas aulas.
- Isolamento social, quando a criança ou adolescente prefere ficar sozinho, evitando encontros ou interações presenciais.
- Irritabilidade ao desligar os aparelhos, o que pode indicar dependência emocional e dificuldade em lidar com a frustração.
- Problemas de sono, como dificuldade para dormir, sono agitado ou cansaço constante durante o dia.
- Perda de interesse em atividades antes prazerosas, como esportes, brincadeiras, leitura ou convívio familiar.
Estes comportamentos, quando persistentes, são sinais de que o uso da tecnologia pode estar comprometendo a saúde e o bem-estar do jovem.
Nessas situações, é essencial agir com empatia: abrir espaço para conversas, oferecer alternativas de lazer, ajustar rotinas e, se necessário, buscar a ajuda de um psicólogo ou orientador escolar.
Políticas públicas e saúde mental infantojuvenil
O debate sobre o uso excessivo de telas e seus impactos na saúde mental dos jovens também tem ganhado espaço nas políticas públicas e nas instituições de ensino. A preocupação deixou de ser apenas familiar e passou a ser social.
Atualmente, diversas iniciativas vêm sendo colocadas em prática:
- O Instituto Cactus, por exemplo, tem se dedicado a ampliar a discussão sobre saúde mental de crianças e adolescentes, promovendo pesquisas, ações educativas e campanhas de conscientização.
- Escolas públicas e privadas estão adotando programas de uso consciente das telas, com horários controlados, incentivo a atividades off-line e apoio psicológico para alunos e famílias.
- Pesquisadores e especialistas em educação defendem a criação de normas mais claras e orientações técnicas para o tempo de tela ideal nas diferentes faixas etárias, especialmente dentro do ambiente escolar.
Ainda há um longo caminho pela frente, mas essas iniciativas mostram que o tema está, finalmente, ganhando o espaço que merece.
Construir uma sociedade digital mais equilibrada exige o comprometimento de todos os setores: poder público, instituições de ensino, famílias, profissionais de saúde e, claro, os próprios jovens.
Acompanhe o nosso blog e redes sociais
A tecnologia veio para ficar, e isso não é um problema. O que precisamos é fazer dela uma aliada, e não uma inimiga silenciosa. Incentivar o uso consciente, o tempo off-line e o equilíbrio emocional é papel de todos: professores, pais, avós, empresas, jovens e crianças.
Que tal refletir sobre como a sua rotina está hoje? O tempo de tela está te aproximando… ou te afastando da sua saúde e das pessoas que você ama?
Continue acompanhando nosso blog e redes sociais para mais conteúdos como este.
Leia também: A eletricidade do cérebro poderia acender uma lâmpada? Veja o que a ciência diz!
Fontes:
Instituto Cactus – Precisamos agir pela saúde mental dos jovens
UFMG – Uso excessivo de telas prejudica saúde mental de todas as idades
Drauzio Varella – Impactos da internet na saúde mental dos adolescentes
Posts Relacionados

IA na educação: como a inteligência artificial está chegando à escola

Áudio Binaural: conheça a técnica que transforma experiências sonoras

5 tendências tecnológicas para ficar de olho em 2025

Nobel de Química 2024: saiba como o superlaboratório no interior de SP contribuiu para o prêmio

Da pré-história ao metaverso: a história da tecnologia

Inovações 2023: 5 avanços incríveis para ficar de olho

Conheça Enedina Alves Marques, a primeira engenheira negra do Brasil

Museu WEG recebe exposição itinerante do Museu de Ciência e Tecnologia da PUC do Rio Grande do Sul

ChatGPT na educação: entenda quais são as possibilidades e os impactos dessa IA

O que é Fusão Nuclear e por que ela pode ser o futuro da Energia Limpa?

Relógio Solar digital: conheça o relógio solar que possui display digital

O que é inteligência artificial e como ela ajudará espécies ameaçadas de extinção?

Som surround: o que é e como funciona a tecnologia que cria áudios 8D

Saiba tudo sobre James Webb, o maior telescópio espacial já lançado

Saiba o que é Turismo Espacial e curiosidades sobre esse assunto

Natureza como inspiração tecnológica: conheça 5 invenções inspiradas na natureza

Casa inteligente: o que é e como funciona?

Preservação da água da chuva: captando essa ideia!

O que é a força motriz?
