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Uso excessivo de telas: impactos na saúde mental e no desenvolvimento dos jovens

O uso excessivo de telas está afetando a saúde mental e o desenvolvimento dos jovens. Descubra neste conteúdo os impactos reais e como incentivar o uso consciente da tecnologia.

27 de agosto de 2025
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Vivemos em uma era altamente conectada, em que dispositivos como celulares, tablets, computadores e televisores estão presentes na rotina dos jovens desde a infância.

Mas o que acontece quando esse uso ultrapassa os limites saudáveis? Essa é uma questão urgente para pais, educadores e toda a sociedade.

O chamado uso excessivo de telas diz respeito à exposição prolongada a dispositivos digitais, muitas vezes excedendo quatro horas diárias fora do contexto escolar. De acordo com pesquisas recentes da UFMG, o tempo de tela entre adolescentes brasileiros cresceu significativamente nos últimos anos, com impactos diretos na saúde mental.

Esse cenário se agravou durante o isolamento social na pandemia e, mesmo com o retorno às atividades presenciais, os hábitos adquiridos persistem.

Neste conteúdo, vamos entender como o uso excessivo de telas afeta o desenvolvimento cognitivo, além de seus efeitos físicos e emocionais a longo prazo.

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Entenda os benefícios do uso equilibrado da tecnologia

Antes de abordarmos os riscos, é importante reconhecer que a tecnologia, quando utilizada com consciência, pode trazer muitos ganhos para o desenvolvimento dos jovens:

  • Acesso rápido à informação, o que facilita a aprendizagem e amplia o repertório de conhecimentos.
  • Apoio educacional, por meio de aplicativos, plataformas de ensino e videoaulas que tornam o aprendizado mais dinâmico e personalizado.
  • Estímulo à criatividade, especialmente com o uso de ferramentas de edição, arte digital, programação e resolução de problemas.

O uso equilibrado da tecnologia pode ser um excelente aliado da educação e do desenvolvimento pessoal. O grande desafio está em traçar limites claros para que esse uso não ultrapasse a linha que separa o benefício do prejuízo, e que esse equilíbrio seja parte da rotina desde cedo.

Como o uso excessivo de telas afeta o desenvolvimento cognitivo

Crianças mexendo no celular.

Estudos vêm demonstrando que a exposição prolongada a telas afeta diretamente o desempenho cognitivo dos jovens em aspectos como:

  • Memória de curto prazo, prejudicada pela constante troca de estímulos e distrações visuais, o que dificulta a retenção de informações.
  • Atenção contínua, já que a fragmentação de conteúdos (como vídeos curtos e feeds rápidos) reduz a capacidade de foco e concentração por longos períodos.
  • Aprendizado escolar, impactado negativamente pela sobrecarga de estímulos digitais, que muitas vezes competem com as atividades pedagógicas presenciais.

Assim, o que poderia ser um facilitador do aprendizado pode se tornar um entrave, dificultando o desenvolvimento de competências essenciais como concentração, raciocínio lógico e capacidade de análise crítica.

Efeitos emocionais e sociais nos jovens

Apesar de conectar pessoas, o ambiente digital tem promovido o distanciamento emocional na vida real. A convivência virtual, embora conveniente, vem substituindo interações profundas por trocas superficiais:

  • Empatia reduzida, pois as relações mediadas por telas muitas vezes limitam a percepção do outro e o desenvolvimento de vínculos afetivos.
  • Baixa tolerância à frustração, já que o ambiente digital oferece respostas rápidas, filtros e “likes”, criando uma falsa sensação de controle e perfeição.

Esses efeitos, quando não identificados e mediados, podem afetar diretamente o modo como os jovens se relacionam com o mundo ao seu redor, dificultando o amadurecimento emocional e a construção de relações saudáveis e verdadeiras.

Saúde mental em risco: sinais e consequências

Criança chorando.

O impacto do uso excessivo de telas vai além do comportamento: ele atinge a saúde mental de forma preocupante. Segundo dados do Instituto Cactus, a relação entre o tempo excessivo nas telas e transtornos emocionais é cada vez mais evidente:

  • Ansiedade e depressão, frequentemente associadas à comparação constante, ao medo de ficar de fora (FOMO) e à hiperexposição nas redes sociais.
  • Distúrbios do sono, agravados pela exposição noturna à luz azul, que interfere no ciclo natural do sono.
  • Queda na autoestima, especialmente entre adolescentes que se veem pressionados por padrões estéticos e comportamentais inalcançáveis.

Quando a tecnologia deixa de ser ferramenta e passa a dominar o tempo e os sentimentos, é preciso acender um alerta — pois ela se torna um agente silencioso de sofrimento emocional, que muitas vezes passa despercebido.

Impactos físicos do uso prolongado de telas

Os efeitos não se limitam ao emocional. O uso constante e prolongado de telas traz também consequências físicas importantes:

  • Postura inadequada, gerando dores nas costas, no pescoço e, em alguns casos, até problemas musculares crônicos.
  • Problemas de visão, como fadiga ocular, ressecamento e sintomas da chamada “síndrome da visão de computador”.
  • Sedentarismo, com redução do tempo dedicado a atividades físicas, o que afeta o desenvolvimento motor e aumenta o risco de sobrepeso.

Esses sintomas, muitas vezes ignorados, refletem a necessidade de pausas regulares e do incentivo à movimentação corporal como parte essencial da rotina dos jovens.

A importância do tempo off-line para os jovens

Adolescentes jogando jogos e conversando.

Desconectar também é uma forma de cuidar. Em um mundo digitalmente acelerado, momentos longe das telas são essenciais para o bem-estar integral dos jovens. Estar off-line favorece:

  • Desenvolvimento de habilidades sociais reais, como escuta ativa, comunicação empática e resolução de conflitos no contato face a face.
  • Tédio criativo, que estimula a imaginação e leva à criação de brincadeiras, projetos e soluções inovadoras.
  • Fortalecimento de laços afetivos, com mais tempo dedicado a brincadeiras presenciais, atividades em família e convivência com amigos.

O tempo off-line é, na verdade, um convite ao reencontro com o mundo real. É nele que os jovens podem experimentar, errar, criar e crescer — livre das pressões e distrações digitais.

Estratégias para reduzir o uso excessivo de telas

Quer começar a mudança em casa? Aqui estão algumas estratégias que funcionam:

EstratégiaBenefício
Estabelecer “zonas livres de tela”Estimula o convívio e o foco no momento presente
Criar um “dia sem telas” por semanaReforça a importância do tempo off-line e aproxima os membros da família
Usar aplicativos de controleAjuda a monitorar e ajustar o tempo de uso de forma consciente
Substituir parte do tempo de telaIncentiva atividades físicas e culturais que fortalecem o desenvolvimento

A mudança é gradual, mas o impacto é significativo.

Como identificar quando é demais?

Pessoas mexendo no celular.

Para muitos pais, a dúvida é recorrente: “Como sei que meu filho está usando tela demais?” Em um mundo onde o digital faz parte da rotina escolar, de lazer e até das interações sociais, pode ser difícil diferenciar o uso saudável do uso excessivo.

Alguns sinais de alerta podem indicar que algo não está bem:

  • Queda no desempenho escolar, com notas mais baixas ou dificuldade de concentração nas aulas.
  • Isolamento social, quando a criança ou adolescente prefere ficar sozinho, evitando encontros ou interações presenciais.
  • Irritabilidade ao desligar os aparelhos, o que pode indicar dependência emocional e dificuldade em lidar com a frustração.
  • Problemas de sono, como dificuldade para dormir, sono agitado ou cansaço constante durante o dia.
  • Perda de interesse em atividades antes prazerosas, como esportes, brincadeiras, leitura ou convívio familiar.

Estes comportamentos, quando persistentes, são sinais de que o uso da tecnologia pode estar comprometendo a saúde e o bem-estar do jovem.

Nessas situações, é essencial agir com empatia: abrir espaço para conversas, oferecer alternativas de lazer, ajustar rotinas e, se necessário, buscar a ajuda de um psicólogo ou orientador escolar.

Políticas públicas e saúde mental infantojuvenil

O debate sobre o uso excessivo de telas e seus impactos na saúde mental dos jovens também tem ganhado espaço nas políticas públicas e nas instituições de ensino. A preocupação deixou de ser apenas familiar e passou a ser social.

Atualmente, diversas iniciativas vêm sendo colocadas em prática:

  • O Instituto Cactus, por exemplo, tem se dedicado a ampliar a discussão sobre saúde mental de crianças e adolescentes, promovendo pesquisas, ações educativas e campanhas de conscientização.
  • Escolas públicas e privadas estão adotando programas de uso consciente das telas, com horários controlados, incentivo a atividades off-line e apoio psicológico para alunos e famílias.
  • Pesquisadores e especialistas em educação defendem a criação de normas mais claras e orientações técnicas para o tempo de tela ideal nas diferentes faixas etárias, especialmente dentro do ambiente escolar.

Ainda há um longo caminho pela frente, mas essas iniciativas mostram que o tema está, finalmente, ganhando o espaço que merece.

Construir uma sociedade digital mais equilibrada exige o comprometimento de todos os setores: poder público, instituições de ensino, famílias, profissionais de saúde e, claro, os próprios jovens.

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A tecnologia veio para ficar, e isso não é um problema. O que precisamos é fazer dela uma aliada, e não uma inimiga silenciosa. Incentivar o uso consciente, o tempo off-line e o equilíbrio emocional é papel de todos: professores, pais, avós, empresas, jovens e crianças.

Que tal refletir sobre como a sua rotina está hoje? O tempo de tela está te aproximando… ou te afastando da sua saúde e das pessoas que você ama?

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Leia também: A eletricidade do cérebro poderia acender uma lâmpada? Veja o que a ciência diz!

Fontes:

Instituto Cactus – Precisamos agir pela saúde mental dos jovens

UFMG – Uso excessivo de telas prejudica saúde mental de todas as idades

Drauzio Varella – Impactos da internet na saúde mental dos adolescentes

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