Este conto fascinante não somente captura um conflito épico entre os protótipos de virtude atenienses e a ambição imperial de Atlântida como também serve como um poderoso veículo para a exploração de ideais filosóficos e morais. Se você, como a gente, também tem muito interesse sobre histórias como esta, venha com a gente mergulhar na origem desse mito.
A origem do mito de Atlântida
O mito de Atlântida é uma das histórias mais fascinantes e enigmáticas da Antiguidade e tem suas raízes nos escritos de Platão, um filósofo grego do século IV a.C.
Em seus textos, o filósofo dialogava entre Timeu e Crítias, em que se desdobra uma narrativa sobre uma civilização poderosa que teria existido no passado remoto, entrelaçando-se com a própria história de Atenas.
Segundo a história, Atlântida era um estado sofisticado e arrogante que caiu pela vaidade de seus governantes ao tentarem invadir a Grécia. Isso teria enfurecido os deuses, e, sendo assim, foi castigada por eles ao mergulharem a ilha no mar e aniquilarem todo o seu poder.
A existência de Atlântida oscilou entre ser considerada uma realidade histórica concreta e uma mera fabulação com propósitos morais ou políticos.
O mais irônico é que Platão deixou pistas de que a cidade de Atlântida era imaginária; mesmo assim, sua história vem alimentando a imaginação das pessoas.
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Como era a cidade perdida?
Segundo o mito de Platão, a ilha ficava próxima do Estreito de Gibraltar, que separa o Marrocos da Península Ibérica, também conhecido como “Pilares de Hércules”.
O mito detalha uma ilha gigante, maior que a Líbia e a Ásia juntas, estendendo seu império pelos continentes europeu e asiático e sendo conhecida por sua extraordinária prosperidade e seu avanço tecnológico.
A geografia de Atlântida era marcante, com montanhas e vastas planícies de solos férteis que abrigavam um povo engenhoso, conhecido por seus sistemas avançados de irrigação.
Os recursos eram abundantes, provendo aos atlantes tudo que era necessário para não apenas sobreviver mas prosperar, evidenciando uma sociedade sofisticada e tecnologicamente avançada.
Além da vasta riqueza natural, incluindo uma diversidade de árvores, metais, alimentos e animais, as cidades atlantes eram conhecidas pela arquitetura espetacular, com grandes templos, canais de irrigação, muralhas defensivas, portões e obras de arte feitas de bronze, ouro e marfim.
Em resumo, tratava-se de uma terra fértil, uma cultura rica e um povo inteligente e habilidoso, o que por si só já é incrível, mas ainda melhora: Atlântida também dispunha de um exército imponente, capaz de mobilizar 10 mil carros de guerra, alimentado por uma população massiva.
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O que causou a queda de Atlântida?
Resumidamente, foi a sede por poder e expansão do povo atlante.
A luta por poder foi agressiva. Atlântida tinha como objetivo expandir seu território e entrou em conflito direto com Atenas.
Contudo, havia a resistência feroz dos atenienses, que lutavam pela própria liberdade, repelindo a opressão e defendendo sua autonomia diante da tirania atlante.
A guerra entre Atlântida e Atenas marcou um ponto de virada com os atenienses repelindo os invasores e libertando outros povos sob o domínio atlante.
Essa resistência não apenas enfraqueceu substancialmente Atlântida como também simbolizou um triunfo da liberdade sobre a opressão, destacando os valores atenienses em contraste com a ganância atlante (a “moral da história” desse mito).
Zeus, vendo a atitude gananciosa e perigosa dos atlantes, decidiu intervir: o deus optou por uma punição severa para restaurar a ordem cósmica e moral.
Foi então que houve um gigantesco terremoto (possivelmente a ira de Zeus), que levou Atlântida ao seu fim apocalíptico. A ilha, antes vibrante e poderosa, foi tragada pelas profundezas do mar.
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Por que esse mito não morre?
Mesmo com a falta de provas, ainda é muito difícil aceitar que essa história é um mito. Mas por quê?
Há arqueólogos que acreditam que é pelo fascínio humano pela “pseudoarqueologia”, apesar da opinião profissional considerar a lenda como puramente fictícia.
Essa história alimenta teorias da conspiração e especulações há mais de mil anos, provavelmente não vai ser agora que isso irá parar.
Enquanto profissionais como David S. Anderson e Flint Dibble dedicam suas carreiras à compreensão científica das civilizações antigas, suas descobertas são frequentemente ofuscadas pela especulação popular sobre uma ilha mítica cuja existência nunca foi comprovada.
E o pior, se continuamos acreditando em algo que já é quase comprovado cientificamente que nunca existiu, como vamos lidar com a predisposição para crer em narrativas extraordinárias que não tem prova alguma?
O alerta sobre a arrogância e os perigos do poder desmedido, como espelhado na narrativa de Platão sobre a Atlântida, é visto como um lembrete dos riscos inerentes ao descaso humano pelos limites éticos e naturais.
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